PROCESSO PARTICIPATIVO
LEITURA CRÍTICA TÉCNICA E PARTICIPATIVA
MAIO/2024
Índice
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APRESENTAÇÃO
O processo de revisão do Plano Diretor do Campus, tomado a partir de uma perspectiva participativa técnico-política de caráter democrático, visa mediar e potencializar o necessário diálogo entre toda a comunidade do Campus, apontando para a Cidade Universitária que se pretende realizar nos próximos dez anos, até 2034, data em que também a Universidade de São Paulo completará seu primeiro centenário.
A primeira fase das oficinas foi dedicada à leitura participativa. Nesta fase, foram realizadas 6 oficinas, com uma primeira rodada de 5 oficinas territoriais e mais 1 oficina geral de consolidação e síntese da leitura.
Paralelamente à realização das oficinas participativas presenciais, foi realizada a consulta pública em formato online, que permite alcançar um maior número de pessoas.
AS OFICINAS PARTICIPATIVAS NOS 5 TERRITÓRIOS - UMA ESCUTA DE PERCEPÇÕES INDIVIDUAIS
O primeiro ciclo de 5 oficinas teve como tema central os territórios (ver figura 2), procurando abranger a diversidade de localizações do Campus. Estas 5 primeiras oficinas tiveram a mesma dinâmica.
As oficinas territoriais foram iniciadas com uma apresentação geral do Comitê Coordenador sobre o que é o Plano Diretor do Campus e, na sequência, a consultoria MPS-RiscoAU apresentou a dinâmica da oficina.
Os participantes foram divididos em 7 grupos e todos eles percorreram as 7 mesas temáticas conduzidas pelos 7 GTs setoriais. Cada mesa foi conduzida pelo “núcleo do GT”, com a presença mínima de dois membros da equipe técnica (Pós-Doc, estagiário, professores coordenadores). Em ciclos de 15 minutos, os grupos se moviam para a mesa seguinte, até que todos os participantes tenham circulado por todas as mesas. A duração indicada foi de 1 hora e 45 minutos, mas, frequentemente, os grupos circulavam em menos tempo.
Ao final, os participantes retornavam à sala inicial para o encerramento. A equipe da consultoria fazia um balanço das questões levantadas na dinâmica e os presentes foram convidados a realizar um breve compartilhamento da experiência.
Os participantes foram convidados a preencher fichas com problemas e potencialidades que são importantes na sua visão, dentro da temática setorial de cada mesa e, quando possível, apontar a localização dos problemas no mapa do Campus. A equipe do GT ficou encarregada de auxiliar a agrupá-las em temas comuns e localizar nos mapas.
SÍNTESE DOS RESULTADOS
Com a possibilidade de os participantes contribuírem com mais de uma ficha por grupo de trabalho, foi possível obter 2.378 fichas preenchidas pelos participantes ao final das cinco oficinas.
Dentre os GTs que receberam mais contribuições nas oficinas participativas, destacam-se o de Convivência, segurança, pertencimento e relação com a cidade (GT6) e o de Mobilidade (GT1).
A 6ª Oficina Participativa – análise em grupo dos resultados
A metodologia da Oficina 6 foi determinada após a realização da síntese dos elementos elencados pelos participantes no decorrer das oficinas. A leitura dos resultados ocorreu por agrupamentos temáticos das questões apresentadas nos GTs. Dessa forma, foram divididos 3 eixos de atuação a partir do que é de possível intervenção pelo Plano Diretor: Lugar, Infraestrutura e Gestão.
Eixo Lugar
A metodologia para trabalhar o Eixo Lugar foi o apontamento no mapa do Campus com a utilização de adesivos (Figura 7), de forma a complementar as informações já levantadas nas oficinas anteriores. Foi entregue aos participantes a lista síntese das oficinas anteriores com temáticas que se relacionavam com o Eixo Lugar, juntamente com um mapa limpo para que pudessem indicar os locais. Sobre esse eixo, foram formados 3 grupos durante a dinâmica. Ao final, foram indicados 216 pontos dispersos por todo o Campus, relacionando-se com temas elencados nas sínteses das oficinas anteriores.
Após os cruzamentos dos resultados obtidos pelos 3 grupos, foram identificados os itens comuns mapeados por cada um, possibilitando inferir maior relevância àqueles que foram citados por todos os grupos participantes.
Itens identificados no mapa por todos (os 3) grupos:
- Espaços, locais e vias mal iluminadas e potencialmente inseguras;
- Desconforto térmico em ambiente construído (sala de aula, laboratório, etc.).
Eixo Gestão
No Eixo Gestão, houve a organização de 4 grupos. A dinâmica estabelecida foi solicitar aos participantes que elencassem prioridades dentre os temas que surgiram nas sínteses.
Após os cruzamentos dos resultados obtidos pelos 4 grupos, foram identificados os itens priorizados por cada um, possibilitando inferir maior relevância nos itens mapeados por todos os grupos participantes.
Os temas que foram priorizados pelos 4 grupos foram:
- GT1-Mobilidade: Ônibus, frequência, pontos, conforto; Segurança, iluminação.
- GT2-Energia: Baixa conectividade no Campus; Monitoramento, racionalização e redução de consumo energético.
- GT3-Água: Bebedouros: falta de bebedouros (humanos e pets) / dificuldade de acesso / falta de manutenção / falta de pressão / nos dias quentes a água tem temperatura elevada; Necessidade de ações para preservação e valorização dos cursos d’água e nascentes do Campus; Falta de plano de manutenção e monitoramento (descargas desreguladas, torneiras abertas, excesso de lavagem nas calçadas, vazamentos, etc.).
- GT4-Resíduos: Falta de local e equipamento adequado para descarte ou coleta seletiva de resíduos.
- GT6-Convivência, segurança, pertencimento e relação com a cidade: Necessidade de ampliar acolhimentos e combater assédios e comportamentos abusivos.
Eixo Infraestrutura
Foram organizados 2 grupos para a discussão do Eixo Infraestrutura. Para eles, foram entregues a lista síntese e canetas para que fosse marcado o possível prazo de execução dos itens elencados durante as oficinas anteriores. Nesse formato, os grupos discutiam cada um dos temas e entravam em um consenso sobre o prazo de execução, que deveria ser determinado entre curto (1), médio (2) ou longo (3).
Foram elencados pelos dois grupos:
- 72 itens comuns de curto prazo
- 29 itens comuns de médio prazo
- 6 itens comuns de longo prazo
Ao final da dinâmica, os grupos retornaram à sala de abertura e fizeram devolutivas sobre a discussão dos grupos. A dinâmica da oficina 6 possibilitou o acesso às informações coletadas nas oficinas anteriores e a discussão entre os grupos sobre cada um dos temas.
Avaliação da Participação
Foi feita uma análise em termos de distribuição espacial, considerando-se a divisão do Campus em 5 territórios. Apesar de algum desequilíbrio, sobretudo pela menor presença nas oficinas 2 (Poli – Produção) e 3 (FFLCH – Geografia), podemos considerar que a população presente conseguiu abarcar a diversidade espacial do Campus.
Ao final das cinco primeiras oficinas participativas, pudemos contar com 341 participantes de forma presencial. Os discentes representaram 59% do total, servidores 25%, docentes 10%, pesquisadores 3%, funcionários externos 1%, e outros 2%.
Pode-se concluir que a presença nas oficinas foi satisfatória, sobretudo em se tratando de um levantamento de informações qualitativo, visando obter uma diversidade de visões sobre o Campus.
CONSULTA PÚBLICA ONLINE
A Consulta Pública online permaneceu aberta para receber contribuições de 01/04/2024 a 21/04/2024 e recebeu, neste período, 994 respostas. A seguir, serão apresentados e analisados os quantitativos destas respostas, como forma de validação da amostra da comunidade do Campus atingida.
A quantidade de respostas recebidas equivale a 1,4% da comunidade do Campus (público diário que circula pelo Campus, conforme pesquisa Origem-Destino realizada pela Prefeitura do Campus em 2023), o que representa uma amostra bastante significativa. Além da representatividade total, é importante checar algumas estratificações desta amostra.
As questões gerais da consulta pública online geraram o gráfico a seguir, que organiza em ordem decrescente os pontos mais indicados como aspectos problemáticos do Campus (cada participante indicou até 5 problemas de uma lista pré-determinada).
Destaca-se o ponto “Acesso às estações de trem e metrô”, seguido de “Alimentação – Bandejões”, “Serviço de ônibus pouco confiável” (que possui grande sobreposição com o primeiro), “Condições de moradia” e “Iluminação pública”. Destes, cabe destacar a posição dos bandejões, que não surge com tanto destaque nas oficinas participativas.
Apesar de uma amostra da comunidade quase 3 vezes maior do que as Oficinas Participativas, que reflete em uma cobertura mais significativa da população do Campus, a consulta online traz um resultado menos aprofundado. É de se esperar que ao responder o formulário online e de forma espontânea, as pessoas dediquem um tempo reduzido (provavelmente algo abaixo de 15 minutos), em comparação ao trabalho de quase 3 horas dispendido em uma oficina presencial, onde há uma condução das respostas pela equipe técnica.
O público atingido pela Consulta Pública online é majoritariamente composto por pessoas que não estiveram nas oficinas: 53% afirmam não ter comparecido, sendo 42% destes por restrições de agenda. Apenas 13% dos que responderam estiveram nas oficinas (130 pessoas) e 34% responderam que talvez participariam (a consulta ocorreu simultaneamente às oficinas).
Desta forma, o papel da Consulta online demonstra realizar o papel esperado, de ampliar a abrangência da população ouvida e de complementar as questões, mas que de forma alguma substitui o aprofundamento que é possível nas oficinas presenciais.