GT6 - CONVIVÊNCIA

LEITURA CRÍTICA TÉCNICA E PARTICIPATIVA

JULHO/2024

Índice

CONVIVÊNCIA, SEGURANÇA, PERTENCIMENTO E RELAÇÃO COM A CIDADE

Índice

O GT06 – Convivência, Segurança, Pertencimento e Relação com a Cidade realizou um diagnóstico propositivo visando garantir que a convivência nos espaços do Campus e o uso de seus equipamentos sejam social e ambientalmente sustentáveis. Utilizaram-se protocolos qualitativos e quantitativos com coleta de dados secundários (Leitura Técnica), questionários padronizados (Consulta Pública), entrevistas e grupos focais (Oficinas Participativas). Além disso, houve um levantamento com as gestões das unidades do Campus USP Capital Butantã para mapear a infraestrutura, serviços e espaços disponíveis, incluindo áreas como convivência, segurança e acessibilidade. Este relatório sintetiza esses dados e destaca os problemas e potencialidades mais significativos, considerando a quantidade total de menções por integrantes da comunidade universitária.

Figura 1 — Gráfico de Frequência das Principais Temáticas da Consulta Pública, 2024.
Figura 2 — Nuvem de Palavras-Chaves do GT06, 2024.
Figura 3 — Nuvens de Palavras-Chaves por Eixo Temático.

EIXO 1 - CONVIVÊNCIA

No âmbito da Convivência, a sistematização prévia do material coletado na Leitura Técnica revela propostas para melhorar a confortabilidade ambiental, a distribuição e o atendimento em pontos de alimentação. Apontou-se a necessidade de integrar atividades por meio de espaços que favoreçam a interação social e a inclusão comunitária, com impacto na qualidade de vida e no bem-estar dos membros da universidade.

Figura 4 — Gráfico de Frequência das questões de Convivência. Fonte: Consulta Pública.

Alimentação

 A disponibilidade de pontos de alimentação é insuficiente, resultando em uma má distribuição do atendimento dos restaurantes universitários. O Restaurante Central serve uma média de 4 mil refeições diárias, enquanto o Restaurante da Química serve 1,8 mil, indicando uma significativa disparidade: o Central é o mais utilizado, porém não é bem localizado. A Consulta Pública apontou os “bandejões” e os “restaurantes terceirizados e food trucks” como problemas. Nas oficinas, a qualidade, o acesso e o conforto foram destacados como problemáticos.

Figura 5 — Alimentação no Campus. Fonte: Questionário das unidades.

Moradia

A moradia estudantil é percebida tanto como problema e potencialidade. Segundo o Anuário de 2022, são ofertadas 1.695 vagas de moradia estudantil na Cidade Universitária Campus USP Butantã (CUCB), além da disponibilidade de 7.130 auxílios-moradia integrais e parciais. Atualmente, há aproximadamente 1.400 vagas disponíveis devido a algumas unidades desativadas, incluindo um bloco em reforma. Há 158 estudantes na fila de espera da moradia, aguardando com auxílio integral.

Espaços de Convivência

As unidades da USP destinam em média 5% de sua área construída para grêmios, atléticas e centros acadêmicos, sendo que apenas sete unidades ultrapassam esse percentual: CEPE, EEFE, EP, FMVZ, FO, IEE e IGc. A Consulta Pública destacou a escassez desses espaços como um problema, mostrando a importância dessa questão que deve ser tratada no âmbito deste Plano Diretor (PD). Além disso, houve menções conflitantes sobre a Creche Central, vista tanto como uma potencialidade quanto como um problema. Nas Oficinas, apareceram conflitos entre “espaços de lazer e estudo/trabalho”, mencionados como um problema. A baixa disponibilidade de serviços e produtos, concentrados principalmente ao longo da Av. Prof. Luciano Gualberto e na parte baixa da Rua do Matão, também foi destacada como problemática. Em contrapartida, a “diversidade de manifestações culturais” foi valorizada como uma potencialidade, assim como a “proliferação e qualificação de espaços para convivência” e a “divulgação da programação cultural e festividades no Campus”.

Figura 6 — Unidades com espaço de convivência construído acima da média. Fonte: Questionário das unidades.
Figura 7 — Serviços no Campus. Fonte: Questionário das unidades.

EIXO 2 – SEGURANÇA

A sistematização prévia do material coletado na Leitura Técnica revela um cenário preocupante, com ocorrências registradas pela Guarda Universitária e subnotificação de casos de assédio sexual. A discussão estende-se para as medidas de segurança pessoal e patrimonial propostas, evidenciando um desafio na proteção da comunidade e do patrimônio universitário.

Roubos e Furtos

Dados da Superintendência de Prevenção e Proteção Universitária indicam 163 ocorrências de furtos, roubos e sequestros na Cidade Universitária em 2023, um aumento de 47% em relação ao ano anterior. Esses números revelam que a violência na USP atingiu o maior nível dos últimos cinco anos, ressaltando a necessidade urgente de intervenções. Na Consulta Pública, a falta de “iluminação pública” foi apontada como um dos principais agravantes da sensação de insegurança.

Tabela 1 — Roubos/Furtos per Capita por Unidade da USP em 2023.

Policiamento

Além dos problemas relacionados à iluminação, nas oficinas foi apontada a necessidade de “aprimoramento da segurança” na cidade universitária. A “Presença da Polícia Militar” no Campus foi também mencionada como problemática, evidenciando um desafio na relação entre a comunidade universitária e as forças de segurança. A Guarda Universitária pode ser um recurso valioso, especialmente com o uso do aplicativo Campus USP, que permite a notificação rápida de roubos, furtos, atividades suspeitas e problemas de iluminação pública.

Medidas de Segurança

Com base nos dados do Levantamento com as Unidades, observa-se que a maioria aplica em torno de 3 a 4 medidas de segurança. As mais comuns são: vigilância na portaria, câmeras, rondas e grades, cercas e portões. Entretanto, existem unidades aplicando de 6 a 8 medidas de segurança: IF (8 medidas); IB (7 medidas); CEPE, EEFE, FEA, FO, IAG, ICB, IEE, IGc e IQ (6 medidas).

Figura 8 — Quantidade de medidas de segurança nas unidades. Fonte: Questionário das unidades.

EIXO 3 – PERTENCIMENTO

A leitura técnica destacou problemas de discriminação, bullying, assédio moral e sexual, com enfoque nas reações das vítimas e nas motivações dos agressores. Observou-se um esforço institucional de implementar iniciativas de combate ao assédio e de promoção de um ambiente de respeito e inclusão. No entanto, os dados apontam para uma persistência de comportamentos discriminatórios e hostis, ressaltando a importância de fortalecer a cultura de pertencimento e respeito mútuo dentro da instituição.

Figura 9 — Gráfico de Frequência das Principais Temáticas do Eixo Pertencimento. Fonte: Oficinas Participativas e Consulta Pública.

Assédio

De acordo com a pesquisa “Questionário PRIP: Inclusão e Pertencimento na USP” de 2023, aproximadamente 40% da população do Campus relata já ter experienciado algum tipo de assédio moral, bullying ou comportamento hostil. As principais razões para o assédio são condições socioeconômicas, desempenho acadêmico, gênero e visões políticas. Este dado é reforçado pela consulta pública que identifica o “assédio” no Campus como um problema significativo.

Acolhimento

Em contraponto, a USP possui diversas iniciativas de combate ao assédio e violência, com destaque para as ações da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), como o “Protocolo de Atendimento de Violência de Gênero contra Mulheres” e o “USP contra o Assédio”. A Consulta Pública evidenciou o “Programa PRIP de acolhimento” como uma potencialidade, assim como o “Programa ECOS”. As oficinas ressaltaram a necessidade de “ampliar os acolhimentos e combater os assédios e comportamentos abusivos”.

Figura 10 — Programas e serviços de acolhimento nas unidades, 2024. Fonte: Questionário das unidades.

EIXO 4 - RELAÇÃO COM A CIDADE

A “Relação com a Cidade” aborda a interação entre a USP, as instituições vizinhas e bairros do entorno local. Na Leitura Técnica, destacam-se o uso frequente de espaços culturais e acadêmicos da USP por parte da comunidade vizinha, como museus e bibliotecas, e as relações de trabalho entre os moradores do entorno. 

Figura 11 — Gráfico de Frequência das Principais Temáticas do Eixo Relação com a Cidade. Fonte: Consulta Pública, 2024.

Relação com o Entorno e Comunidade Externa

A relação entre a USP e os bairros do entorno apresenta diversos desafios. Segundo o Censo Vizinhança USP, apenas 17% das famílias domiciliadas na São Remo praticam alguma atividade ou utilizam serviços da USP, indicando uma integração limitada entre a Universidade e a comunidade local. Os moradores da São Remo destacaram problemas no atendimento do Hospital Universitário (HU) e dificuldades de acesso ao Campus. Além disso, a Consulta Pública revelou problemas na “relação com os bairros do entorno do Campus” e o “convívio com usuários externos à USP”.

Instituições Vizinhas

A relação da USP com instituições vizinhas, como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o Instituto Butantã e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), reflete uma interação complexa e multifacetada que demanda um alinhamento cuidadoso de práticas e gestão de recursos compartilhados. No caso do IPT, surgem questões pertinentes aos desafios de zoneamento, onde o IPT busca a verticalização de suas instalações, bem como de mobilidade, com a criação de passagens que facilitem o trânsito da comunidade USP. A relação com o Instituto Butantã destaca-se pela necessidade de qualificar também a mobilidade, facilitando o trânsito para a comunidade USP e familiares.

Atendimento e Serviços para a Comunidade Externa

Por outro lado, a USP oferece serviços que são muito valorizados pela comunidade externa. Os atendimentos e serviços médicos no Hospital Universitário (HU), odontológicos na Faculdade de Odontologia (FO), veterinários na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) e psicológicos no Instituto de Psicologia (IP) podem ser vistos como potencialidades para a população vizinha da USP. O HU, por exemplo, é uma referência de saúde para a comunidade USP, para os bairros do entorno, a cidade de São Paulo e região metropolitana, desempenhando um papel importante no atendimento à comunidade local. 

Figura 12 — Espaços Museais e Culturais, 2024. Fonte: PRCEU.

Lazer

O Campus é considerado um “local de lazer nos fins de semana”, destacando-se como uma potencialidade significativa na Consulta Pública. Os espaços museais do Campus, como o Museu de Geociências, Museu da Oceanografia, Museu de Anatomia Humana, Museu de Anatomia Veterinária e Museu de Arqueologia e Etnologia, juntamente com o programa Giro Cultural, representam importantes potenciais para a divulgação do conhecimento científico produzido na universidade. Nos fins de semana, o Campus se transforma em um parque urbano onde a comunidade se envolve em uma variedade de atividades físicas e desportivas (corrida, ciclismo, esqui de asfalto, caminhadas, massoterapia e assessoria esportiva), levantando preocupações relacionadas à segurança, mobilidade e às necessidades residenciais e acadêmicas do Campus.

CONCLUSÕES

O Plano Diretor Participativo da USP, embasado em Leitura Técnica, Consulta Pública, Oficinas e Levantamento com as Unidades, revela a necessidade de qualificar e repensar as dinâmicas de convivência, segurança, pertencimento e relação com a cidade.

Convivência

Os dados indicam a necessidade de ampliação e melhoria das áreas de convivência, visando à integração social no Campus. A distribuição inadequada dos serviços de alimentação e as limitações da moradia estudantil são questões críticas que precisam ser abordadas. Espaços para manifestações culturais e a programação cultural, já evidenciados como potencialidades pela comunidade universitária, precisam ser ampliados e reforçados.

Segurança

O aumento dos registros de furtos e a subnotificação de assédios reforçam a necessidade de uma iluminação pública mais eficaz e uma estratégia de policiamento mais efetiva por parte da Guarda Universitária para garantir a segurança de todos no Campus. A utilização de tecnologias como o aplicativo Campus USP pode auxiliar na comunicação e na eficiência da Guarda Universitária.

Pertencimento

A alta incidência de comportamentos discriminatórios e hostis demanda uma resposta institucional mais direcionada, com a ampliação de iniciativas de acolhimento e suporte psicológico, além de iniciativas educativas de prevenção do assédio.

Relação com a Cidade

Apesar das iniciativas de integração com os bairros do entorno, como São Remo e Butantã, ainda há uma integração complexa, especialmente nos finais de semana. É necessário que o Plano Diretor estabeleça critérios para atividades de lazer e recreação, garantindo que o Campus seja um espaço seguro. Acompanhando a execução do projeto de georreferenciamento do Hospital Universitário, pode-se avaliar e melhorar os serviços de saúde.

As propostas de intervenções no Plano Diretor devem focar na melhoria dos serviços e infraestrutura do Campus, reforçando as potencialidades existentes e abordando os problemas identificados para promover um ambiente mais seguro, inclusivo e integrado com a cidade.

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